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Parceria entre empresa e IF Sertão-PE rende benefícios para curtume e gera novas pesquisas científicas

No campus Floresta do IF Sertão-PE a parceria com uma empresa de curtimento de couro local esta rendendo uma série de pesquisas que prometem resultar em benefícios científicos, ambientais, econômicos e sociais para a instituição de ensino, para a empresa, para a comunidade diretamente ligada aos trabalhadores do curtume, e para todos os moradores da região.

De acordo com a professora do curso de Licenciatura em Química do campus, Juliana Figueirôa, a parceria entre Campus Floresta e o curtume é antiga, os alunos e docentes frequentemente visitam o local, então houve o pedido da empresa para que o campus prestasse apoio para dar nova opção de destinação dos resíduos líquidos e sólidos gerados. 

A docente Juliana Figueirôa, e o Técnico de Laboratório Helder Gomes durante trabalho com resíduos do curtume

“Essa parceria com o cortume já vem de bastante tempo e agora estamos dando um retorno a eles, como, por exemplo, na realização de testes. Estamos emitindo laudos de alguns parâmetros físico-químicos e biológicos, como um teste de toxicidade dos resíduos gerados pela empresa. A gente já conseguiu desenvolver essa metodologia e está dando esse retorno para a comunidade, já que é um dos nossos pilares como Instituto Federal. Então, a parceria é bem-vinda de ambos os lados, por que aqui como pesquisadores estamos produzindo, e para lá a gente está mandando respostas”, afirmou a docente.

O teste de toxicidade realizado pelos docentes da Licenciatura em Química analisou a taxa de sobrevivência de micro-organismos aquáticos quando em contato com os efluentes resultantes da atividade de curtimento. A professora Juliana Figueirôa esclarece que a partir destes resultados será possível pensar estratégias para diminuir a toxicidade dos efluentes que contém uma carga orgânica, como pelos e gordura; e uma carga inorgânica que são metais e íons.

Recompensas científicas para o IF; recompensas sociais e econômicas para a população


Aparas de couro antes e após processo químico para retirada do cromo. O resultando é um material de aspecto colagenoso que pode ser trabalhado para reaproveitamento. 

Além da emissão de laudos técnicos a parceria empresa-escola tem resultado em outras pesquisas científicas. Durante uma das visitas ao curtume foram visualizados tonéis com aparas de couro, resíduos produzidos durante o processo de curtimento. A partir disto está sendo desenvolvido no campus Floresta um método para transformar esse resíduo; retirando das aparas o elemento químico cromo, que é um metal, e a partir do resíduo restante produzir colágeno que poderá ser utilizado em produtos úteis em outras atividades como, por exemplo, na agricultura.

O aproveitamento da parte orgânica dos resíduos do curtume Cabritos da Floresta também está sendo pesquisado no campus Floresta do IF Sertão-PE dentro de um Projeto de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação-PIBITI, do CNPq. O objetivo da pesquisa desenvolvida pela professora Ana Paula de Oliveira, junto com um aluno bolsista da Licenciatura em Química, é tentar diminuir o impacto ambiental dos resíduos do curtume e mostrar para a cidade que existe uma perspectiva de fonte de renda a partir da fabricação de produtos de limpeza, como o sabão. 


Bolsista de iniciação científica Dcheyce e professora Ana Paula Oliveira

“Esse é o nosso objetivo, se a gente conseguir chegar nessa formulação do sabão a partir dos resíduos do curtume tem como a gente fazer um treinamento com as famílias vinculadas aos trabalhadores da empresa para que eles utilizem aquele resíduo, seja numa ONG ou uma associação, e que possam transformar o resíduo em sabão e utilizar como fonte de renda. A ideia é criar um método aqui no campus e depois passar à frente para a comunidade, estamos no comecinho ainda, na semente do projeto, mas a ideia final é que a gente consiga chegar nisso de fato”, afirmou a docente.

Para complementar a pesquisa da produção de produtos de limpeza a partir dos resíduos do curtume as professoras Juliana e Ana Paula iniciaram uma nova prática no laboratório de química do campus, a de extração de óleo essencial de cascas de laranja, que futuramente poderão aromatizar os produtos que serão fabricados. Os alunos bolsistas de projeto de pesquisa Viviana Guerra, Guilherme Novaes e Dcheyce Silva, do curso de Licenciatura em Química, aprenderam o passo a passo e estão realizando no laboratório do campus essa extração a partir da reutilização de cascas de laranjas descartadas por comerciantes da cidade. 


Bolsistas de iniciação científica realizam a extração do óleo essencial da casca da laranja

“A casca da laranja é jogada fora, é um resíduo que não tem valor, então as pessoas não sabem do valor agregado que tem nesses constituintes que estão presentes na casca. Então a gente mostrar que tem como retirar esses óleos essenciais e dar uma aplicabilidade a ele talvez desperte o interesse da população para reutilizar essas cascas. Dez mililitros de óleo essencial de laranja custam em média de R$45 a R$50, então dá pra gente fazer no laboratório mas existem técnicas que permitem que a gente faça essa extração em casa também, adaptando, por exemplo, uma panela de pressão. Então seria uma forma da população utilizar esse mesmo processo que os alunos fazem aqui para dar mais valor ainda a uma coisa que seria jogada no lixo”, explica Ana Paula. 

Para testar o aroma oriundo do óleo essencial a equipe de alunos bolsistas já criou um detergente. Além da laranja é possível extrair, em laboratório ou em casa, óleos essenciais de outros tipos de resíduo, como casca de limão, capim santo, citronela e cidreira, esses óleos podem ser utilizados como essência de produtos de limpeza, perfume, e cosmética em geral. “Ao fim a gente reduz um pouco da carga do resíduo do curtume, desse resíduo de cascas da cidade, e o pouco resíduo que sobre da extração do óleo essencial ainda pode ser utilizado em compostagens para se transformar em adubo orgânico para plantas”, comenta Ana Paula,  “Ou seja, é a reutilização de rejeitos sólidos e líquidos para a não geração de novos rejeitos”, completa Juliana.


Amostra do detergente fabricado com aroma de laranja

Atuação dos alunos do IF

O Concluinte do curso de Química, Guilherme Novaes já tinha participado de 3 outros projetos de extensão, alguns projetos voluntários e está no primeiro projeto de pesquisa. Ele atua na extração dos óleos essenciais da laranja, é bolsista da professora Ana Paula em um projeto de pesquisa voltado para extratos de vegetais, e ajuda também nas atividades da parceria com o curtume.. “Eu ajudo a professora Juliana quando ela vai fazer a análise de efluentes, ela diz como é pra fazer, me passa a metodologia, eu sigo e faço. Também realizo as atividades do meu projeto que é voltado para extratos e acho essa participação em pesquisas para diminuir a quantidade de resíduos que são descartados no meio ambiente extremamente importante, por que a gente não está só resolvendo um problema da empresa ou ambiental, estamos também vendo os possíveis usos do nosso descarte, é algo bem completo na minha opinião”, afirmou Guilherme.


O aluno do curso de Licenciatura em Química, Guilherme Novaes, durante processo de extração de óleo essencial 

O jovem que desejava terminar o curso para trabalhar na área industrial, conta que após a atuação em projetos de pesquisa e extensão despertou novos interesses. “Depois que comecei a ver a pesquisa e extensão eu percebi esse lado de olhar para as necessidades das pessoas, vi como a pesquisa pode ajudar as pessoas e agora eu quero mais. Meu plano é terminar a licenciatura e partir pro mestrado, eu estou com ideias de pesquisar maneiras de ajudar pessoas que enfrentam o alcoolismo, e assim ajudar muitas famílias que passam por isso”, conta Guilherme.


As docentes Ana Paula e Juliana Figueirôa acreditam que as pesquisas fruto da parceria com empresa local podem resultar em benefícios para toda a sociedade e, principalmente, para o meio ambiente

De acordo com as professoras todas essas pesquisas realizadas só são possíveis com o apoio e trabalho dos alunos bolsistas de iniciação científica, que recebem a orientação sobre os métodos e técnicas e realizam as práticas conforme orientados. “De qualquer forma ganha o curtume, ganha o Instituto, ganhamos nós como professoras, e ganham os meninos que estão aprendendo além daquilo que a gente vê em sala de aula”, disse Ana Paula. “E ganha a comunidade, pois a gente precisa dar um retorno à comunidade que não é só a docência”, finaliza Juliana.

Campus Floresta

 

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