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Última Atualização: 30 Novembro 2018
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Criado: 30 Novembro 2018
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Mistura para bolo utiliza resíduos de uvas como um de seus principais ingredientes
O que fazer com os resíduos do beneficiamento de uvas? A tecnóloga em Alimentos do campus Petrolina Zona Rural do IF Sertão-PE, Tatiane Machado, deu um destino diferente a esses resíduos, que acabou resultando na criação de um novo produto: uma mistura para bolo com farinha de cascas e sementes de uva.
Tatiane Machado: "Mistura foi elaborada com o objetivo de buscar novas alternativas para o aproveitamento do resíduo de uvas"
De acordo com Tatiane, o estudo para desenvolvimento da mistura para bolo foi realizado com o objetivo de buscar novas alternativas para o aproveitamento do resíduo de uvas, gerado principalmente na produção de sucos e vinhos. “Anualmente, o Brasil gera milhões de quilos de resíduos de uva, composto principalmente por cascas, sementes e restos de polpa, e é muitas vezes descartado de forma inadequada, poluindo o meio ambiente”, afirmou.
Farinha de resíduo de uva, gerado principalmente na produção de sucos e vinhos, foi obtida através da secagem de sementes e cascas
Ainda segundo a tecnóloga, mesmo após o processamento, as cascas e sementes apresentam nutrientes e teores relativamente elevados de compostos fenólicos, que estão relacionados a efeitos benéficos à saúde, atuando na prevenção do câncer e doenças cardiovasculares. “Os testes com o produto final (bolo) mostraram uma retenção de mais de 70% da atividade antioxidante apresentada na mistura”, disse.
Bolo mantém mais de 70% da atividade antioxidante apresentada na mistura
A mistura desenvolvida é composta por farinha de trigo integral ou convencional, sacarose, farinha de cascas e sementes de uva, amido, gordura vegetal e fermento químico. “Embora já existam alguns estudos que visem o aproveitamento do resíduo de uva no ramo alimentício, não existiam relatos da aplicação desse resíduo na forma de farinha na elaboração de misturas prontas para bolo, especialmente misturas integrais. Além disso, ainda é escassa a aplicação dessa farinha em produtos para fabricação a nível industrial”, explica Tatiane.
Toda a pesquisa para elaboração do produto foi desenvolvida no IF Sertão-PE, nos campi Petrolina e Petrolina Zona Rural e fez parte do trabalho de conclusão da especialização em Tecnologia de produção de derivados de Frutas e Hortaliças, tendo como orientadora a professora Beatriz Cavalcanti Amorim de Melo.
Produto foi apresentado durante o XII Congresso Norte e Nordeste de Pesquisa e Inovação (Connepi), realizado este mês, no Recife
PATENTE – Por ser um produto novo, Tatiane Machado contou com o apoio do Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT) do IF Sertão-PE para solicitar o processo de proteção da propriedade intelectual, através do pedido de patente.
“Através dos registros de propriedade intelectual, se garante aos titulares do direito a exclusividade de uso daquela invenção. Por exemplo, se Tatiane não tivesse depositado a patente, qualquer pessoa poderia comercializar o produto que ela inventou, sem ter que comunicar nem pagar nada para ela. Contudo, como está depositada a patente, qualquer organização que queira produzir a mistura para bolo deverá ser autorizada pelo IF Sertão-PE e pelos inventores”, explica a coordenadora do NIT, Priscila Nascimento.
Ainda segundo Priscila, agora que a patente está em andamento, o próximo passo é a transferência de tecnologia, que seria levar para a sociedade as invenções que o IF Sertão-PE está desenvolvendo.